Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VARIAÇÕES CROMÁTICAS DO SOCIALISMO E DO COMUNISMO

Fonte: SACRALIDADE


André F. Falleiro Garcia

Afirmar-se socialista é uma etiqueta da moda ostentada em muitos ambientes. O aplauso midiático costuma gratificar os que, por convicção ou faceirice, assim se exibem. Mas para os ativistas encastelados nas siglas partidárias ou em ONGs ecotribalistas, ser socialista é muito mais do que modismo ideológico: significa a adesão a uma espécie de religião. Tanto socialistas quanto comunistas, em variados graus de adesão ou iniciação, fazem parte de uma única seita revolucionária, atéia, materialista e hegeliana, cuja ação tem uma abrangência universal, voltada para a destruição da Igreja e da civilização cristã.

Teve percepção do caráter sectário do socialismo bolivariano Xavier Legorreta, chefe da Seção da América Latina da associação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre. Com efeito, ao analisar o resultado do referendo sobre a reforma da Constituição venezuelana, realizado em fevereiro de 2009, comentou:


"Cabe afirmar que o chavismo se converteu em uma espécie de religião na Venezuela. A linguagem, a forma de se apresentar, as conversas e discussões, tudo gira em torno da sua pessoa [Chávez], sua ideologia e sua estratégia tática. Assim ele consegue o êxito, chamado também de revolução bolivariana. Esta revolução busca criar um modelo similar ao sistema político que esteve implantado na Europa do Leste, e que hoje ainda subsiste em Cuba: uma ditadura socialista encabeçada por uma forte personalidade, um líder. Em Cuba, esse líder é Fidel Castro, e na Venezuela, Hugo Chávez".[1]


A seita comunista espalha os seus membros numa gama variada de partidos, movimentos sociais ou ONGs de colorações que vão do róseo ao rubro, do socialismo dito democrático ao marxismo maoísta, stalinista, trotskista ou gramscista. Por exemplo, o Partido dos Trabalhadores (PT) é uma espécie de tábua de queijos, tal o leque de tendências de esquerda nele concentradas. Mas as eventuais divergências táticas – diversidade é palavra da moda nesses ambientes – não obstruem a fundamental concordância estratégica que as une: a mesma meta revolucionária. Por isso, qualquer que seja o vencedor das eleições presidenciais de 2010 no Brasil – Lula, Dilma, Serra, Aécio, Ciro Gomes, todos de esquerda – as rédeas do poder continuarão nas mãos da seita.


Desde os tempos da extinta União Soviética, designou-se comoNomenklatura o rol dos funcionários graduados da burocracia governamental e membros da elite dirigente do partido.[2] De fato formavam uma verdadeira casta privilegiada, mas não só isso: sobretudo faziam parte de uma seita filosófico-religiosa, na qual as recompensas de ordem econômico-financeira ou os ostracismos eram circunstanciais, e a adesão sectária, o vínculo essencial.


Esses fanáticos sectários constituem minorias disciplinadas e escoladas. Utilizam estruturas verticais ou redes lineares, que servem, em última análise, de linhas auxiliares a serviço da seita.


Espalhados pelo mundo, seus corifeus dominam com perfeição a técnica de reunir em torno da causa uma periferia de incautos, desprevenidos, iludidos, considerados como "companheiros de viagem" ou "inocentes úteis" ("idiotas utiles", dizem os hispanos com mais acerto). Para tanto manuseiam o elenco temático do socialismo utópico – justiça social, solidariedade, igualdade, repartição de riquezas etc. Mas para galgar posições na seita o que conta não é essa cartilha utópica. Será decisiva a facilidade do neófito ou iniciado em se livrar da moral cristã ou burguesa: matar, roubar, fornicar, mentir são recursos úteis e necessários para a vitória da causa.


A opinião pública em geral não distingue bem o que separa o socialismo do comunismo e o que os une. Na verdade ambos possuem a mesma doutrina e a mesma meta.


A diferença é uma questão de método. Enquanto o comunismo marxista – nas versões leninista, stalinista ou maoísta – emprega a violência e a luta armada para alcançar o poder e depois a repressão policial feroz para nele se manter, os socialistas utilizam a via pacífica e eleitoral, agindo num compasso lento, gradual e processivo, para assim realizar a modificação das estruturas sócio-econômicas e do ordenamento jurídico das nações.


O comunismo vermelho tingiu de sangue os lugares onde se implantou. O Livro Negro do Comunismo fez um balanço desse horror: cerca de cem milhões de mortos.


O socialismo proteiforme tem o condão de se mostrar róseo nas nações onde participa do jogo eleitoral democrático, ou de apresentar coloração mais carregada onde as instituições que garantem a liberdade se encontram em situação agônica. Quando se aproxima do rubro, a sua face totalitária adquire mais visibilidade.


O socialismo é uma rampa pela qual as pessoas e as nações resvalam para o comunismo. Lula e Chávez são matizações locais e circunstanciais de uma mesma doutrina e meta político-social. No caso do "Lula light" ou "Lulinha paz e amor", a passagem do socialismo ao comunismo é feita em meio à atonia geral. O presidente sindicalista já confessou ser uma "metamorfose ambulante": nos ambientes mais democráticos mostra-se rosado, quando está junto com os "companheiros" perde o desbotado e revela sua alma vermelha.


Quanto à República Bolivariana da Venezuela e seu ditador, é expressivo o depoimento do escritor peruano Mario Vargas Llosa, reproduzido no jornal El Universal (28/05/2009): "Não há dúvida de que o processo em curso aproxima a Venezuela de uma ditadura comunista e afasta o país de uma democracia liberal". Afirmou ainda Vargas Llosa, durante palestra no auditório do hotel Caracas Palace: "Se este caminho não for interrompido, a Venezuela se transformará na segunda Cuba da América Latina. Não devemos permitir isso, por isso estamos aqui".[3]


Há uma intensificação cromática no arco ideológico que vai do socialismo ao comunismo. Significa que quanto mais a cor é carregada, mais forte é o teor comunista. E há uma mitigação, emdégradé, no itinerário do comunismo ao socialismo. Quer dizer, por estratagema o comunismo rubro evolui para uma coloração desbotada própria ao socialismo. Essa evolução pode ser verificada na análise das três fases da marcha processiva comunista.


Desde o início da fase leninista até o final do período de terror stalinista, a nota comum foi a extrema violência como principal instrumento para a conquista e permanência no poder, presente tanto na violenta repressão interna nos países comunistas quanto na expansão internacional por meio de guerras, golpes de estado, guerrilhas etc. Com o tempo, tornou-se patente o insucesso do comunismo vermelho no convencimento ideológico das massas. A Igreja Católica, duramente perseguida, resistiu heroicamente. A Igreja do Silêncio e a epopéia vivida pelo Cardeal Midzensty são exemplos eloqüentes desse período.


Na fase gramscista, a partir de 1958-1960, o comunismo passou por uma metamorfose ou primeira Perestroika.[4] E o novo déspota do Kremlin, Nikita Khrushchov, encomendou a Pablo Picasso a pintura da pomba da paz, símbolo neocomunista de grande aceitação nos ambientes superficiais do Ocidente. Embora o comunismo rubro não cessasse de atuar, buscou-se de modo preferencial a convergência entre o mundo capitalista e o socialista. A guerra psicológica revolucionária foi muito utilizada para dar credibilidade aos neocomunistas e desprestigiar os anticomunistas autênticos. A partir dos anos 60 e 70 o neocomunismo gramscista empenhou-se na conquista da hegemonia sobre a sociedade civil procurando realizar o consenso de opiniões e a modelagem dos modos de ser e de sentir. Com isso desbotou-se um tanto o vermelho armorial do comunismo primevo.


Enquanto isso, na Igreja deu-se um acontecimento de gravidade apocalíptica. O Concílio Vaticano II (1962-1965), que pretendeu ser apenas pastoral, omitiu-se em condenar o lobo vermelho, a seita comunista. Desde então, a infiltração das idéias comunistas nos meios católicos cresceu de modo assombroso. Socialismo cristão, Teologia da Libertação, "opção preferencial pelos pobres", Comissão Pastoral da Terra, Conselho Indigenista Missionário, exemplificam as numerosas bandeiras sectárias erguidas no próprio seio daquela que outrora foi o maior bastião de oposição espiritual e moral ao socialismo e ao comunismo.


A fase do caos factual inaugurou o ciclo dos fatos consumados impactantes. Os anos 80 e 90 foram marcados pela Perestroika de Gorbatchev (1985), a queda do Muro de Berlim (1989) e a dissolução da URSS (1991). E no início do milênio, dois outros fatos impactantes chocaram a opinião pública.


A derrubada das Torres Gêmeas em Nova York (11/09/2001), num atentado promovido pelas redes do terrorismo muçulmano, abalou o prestígio e a vivência do american dream. Oito anos depois subiu ao poder Barack Hussein Obama, de raízes muçulmanas.


Na Igreja Católica, deu-se a desconcertante revelação do Terceiro Segredo de Fátima em 26 de junho de 2000. O documento divulgado – pesam graves dúvidas sobre sua autenticidade – teve o condão de desmitificar a profecia marial anticomunista. Em termos psicológicos, os protagonistas do ato, hoje Papa Bento XVI e Cardeal Bertone, provocaram na opinião pública católica um choque criteriológico, à vista do conteúdo e da interpretação que propuseram sobre o suposto Terceiro Segredo revelado. Em outras palavras, o significado prático do assunto Fátima passou a ser: o comunismo está morto, a Rússia está em franco processo de conversão e já começou uma nova era, a Civilização do Amor. Nesse contexto, os eventos religiosos autorizados por Putin – tanto os promovidos pela Igreja Católica quanto pela Igreja Ortodoxa – salpicam com água benta a face da nova Rússia. Com isso a edulcoração do comunismo russo no regime de Putin atinge o seu clímax.


Vladímir Putin exerceu o cargo de presidente da Rússia (1999-2008) e agora é o seu primeiro-ministro. Embora represente o controle governamental pelos quadros do KGB, de onde proveio, a mídia o apresenta como continuador do expansionismo dos czares dotado de carisma populista. Putin desempenha o papel de ex-KGB aberto ao mercado capitalista.


O êxito da estratégia da Perestroika pode ser verificado nas entrelinhas das declarações de Mario Vargas Llosa já referidas: "Somente dois países do mundo mantêm a ficção da utopia socialista: a Coreia do Norte e Cuba".[5]


Mirabile dictu! Os "especialistas em América Latina", reunidos noforum realizado no Hotel Caracas Palace retiraram a Rússia do rol dos países sob governo comunista! Conservaram apenas a Coreia do Norte e Cuba. São especialistas renomados cuja voz impressiona o Departamento de Estado norte-americano.


Sem dúvida o dégradé da estratégia do comunismo a longo prazo alcançou inegável sucesso. Conseguiu convencer o Ocidente de que o comunismo russo morreu e tornou-se coisa do passado.


Também a China, embora governada pelo Partido Comunista, não é mais considerada comunista, e sim, uma economia que se agiganta graças à abertura para o capitalismo.


Para a ótica desses e de outros especialistas equivocados, companheiros de viagem" ou "inocentes úteis", a esquerda light – de Lula, Bachelet e Tabaré Vasquez – faz o contraponto ao socialismo rubro de Hugo Chávez. O equívoco só favorece os desígnios da seita.


O caos factual traz em seu bojo o caos criteriológico. Socialismo e comunismo tornaram-se noções de múltiplo sentido que confundem o homem comum. Também os "especialistas" em América Latina, Rússia e China – dos governos republicanos ou democratas norte-americanos – se equivocam quando acreditam nessas metamorfoses policrômicas.


A manifestação unânime dos representantes de 34 países na recente reunião da OEA (03/06/2009), onde foi aprovada uma resolução que anulou a suspensão da participação do governo cubano na entidade imposta em 1962, é indicativa de que o dégradé aplicado no regime castrista também obteve êxito. As cosméticas modificações introduzidas pelo ditador Raúl Castro, salpicadas de água benta na histórica visita do Cardeal Bertone à ilha-prisão, abrem caminho para o retorno da tirania cubana ao sistema interamericano.


Se o estratagema socialista apresenta a utilidade de servir de cavalo de tróia do comunismo, por sua vez o dégradé do comunismo convence seus adversários e vítimas de que ele morreu e assim os desmobiliza e transforma em simpatizantes ou colaboradores. De enorme proveito para a seita e comprovado sucesso são as variações cromáticas do socialismo e do comunismo.


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NOTAS:


[1]
Venezuela: chavismo converteu-se em "religião". Agência de notícias Zenit. Roma, 18 de fevereiro de 2009.


[2]
Nomenklatura é uma palavra russa derivada do latim nomenclatura que significa lista de nomes. A casta dirigente soviética foi descrita pelo dissidente Mikhail Voslenski em A Nomenklatura - Como Vivem as Classes Privilegiadas na União Soviética (Record, RJ), que se inspirou na obra de Milovan Djilas, intitulada A Nova Classe.


[3]
Cf. Para Vargas Llosa, Venezuela será uma 2ª Cuba.


[4]
Khrushchov durante o XX Congresso do PCUS (1956) desmitificou o stalinismo genocida e em 1958 tornou-se primeiro-ministro. Pode-se fazer um paralelismo entre as mudanças que ele introduziu, e a reconstrução ou reestruturação (Perestroika) do comunismo que Mikhail Gorbatchev executou a partir de 1985.


[5]
Ver acima a nota 3.

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Matérias de interesse sobre o caos factual:


O FALSÍSSIMO EM VERISSIMO. OU: A LIBERDADE DE DEFENDER O FIM DA LIBERDADE

Fonte: BLOG REINAlDO AZEVEDO
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 | 6:25



E
ste artigo vai demonstrar como esquerdistas usam um sistema que repudiam, defendido por nós, para pregar o sistema que amam, onde nós não teríamos vez. Isso significa que, no nosso mundo, eles têm voz, mas, no deles, nós estaríamos mudos. Não obstante, eles se querem modernos e libertários. À luta.


*

Vocês me pediram, ontem, em várias mensagens, para comentar o artigo do rapaz, mas me faltou tempo e, confesso, fiquei com um tantinho de preguiça. Sim, Luiz Fernando Verissimo é um chato. Embora tenha feito carreira como humorista,
ele insiste em falar de política, no que é de um primitivismo triste porque muito ignorante.


O ex-cronista e atual esbirro midiático do PT passou a respirar por aparelhos assim que Lula chegou ao governo e morreu no mensalão. Feito da mesma cepa e com o mesmo horizonte moral dos companheiros, tudo o que antes ele condenava passou a defender. Quem deu o paradigma moral do comportamento dos companheiros foi Rose Marie Muraro, num artigo de 2006. Transcrevo um trecho e volto ao tocador de tuba do petismo.

A boa novidade no Brasil é que essas maiorias elegeram um presidente oriundo da classe dominada, de quem não se esperava que transgredisse a lei da honestidade e da moralidade. E quando ele se viu obrigado a jogar o jogo da classe dominante para continuar no poder, houve uma grita a partir da classe média, sinceramente honesta, contra a corrupção e a fraude que esse mesmo presidente antes condenava. E os pobres, que sabem desde o nascimento que são expropriados de quase tudo, crêem, também sinceramente, que, já que são sempre roubados pelos dominantes, pelo menos darão o seu voto a quem reparte com eles alguma fatia desse roubo.”


Sim, o que está escrito ali é o que está escrito ali. Ela considera que, quando rouba, o PT está apenas demonstrando que a classe operária ultrapassou mais um umbral que lhe é devido pela história. Quem quiser saber mais sobre esse artigo poder ler depois
Voando com Rose Marie Muraro. Em setembro de 2006, ilustrei o meu artigo com esta imagem:

bruxa2


Retomo

Ontem, na sua crônica publicada no Estadão e no Globo — e crônica, diga-se, aquilo não é —, Verissimo decidiu demonstrar que o Programa Nacional de Direitos Humanos é uma peça inofensiva, que só atende às exigências do óbvio. Ele segue em vermelho. Eu vou em azul. O artigo se chama “Planos e direitos”.


Só li do tal Plano Nacional de Direitos Humanos o que saiu, em fragmentos, nos jornais. Se entendi bem, o que eu duvido, este plano é uma versão revisada de um anterior
, que por sua vez era uma revisão de um mais antigo.

Se estivesse falando a verdade, seria só um trapaceiro, um irresponsável: como é que vai comentar um plano que não leu? Mas acho que ele está mentindo. Leu, sim, o que está lá e, à diferença do que sugere sua ironia sem graça, entendeu tudo. E, por isso, defende o texto. Os leitores deste blog sabem que é uma mentira cretina essa história de que o 3 é revisão do 2, que seria revisão do um. O Plano 3 é típico de uma ditadura. Já chego lá.


O que sugere que ou o novo plano altera radicalmente as propostas dos outros ou o escândalo que se faz com ele é indefensável.


Verissimo escreve o texto para demonstrar que o “escândalo que se faz com ele é indefensável”. Ocorre que o novo texto “altera radicalmente as propostas dos outros”. Mas o autor sempre poderá dizer em sua defesa: “É que eu não li”. Ou ainda: “Eu não entendi”.


Por que o escândalo, e só agora? Pelo que li, não são grandes as diferenças entre o terceiro plano e os dois anteriores, inclusive o que é dos tempos do Fernando Henrique.


Aqui, além da má-fé argumentativa, há também a ignorância pura e simples. Notem que ele escreve “o [plano] que é dos tempos do Fernando Henrique”, como se houvesse um outro que não fosse. Os dois anteriores são: um é de 1996, quando o secretário dos Direitos Humanos era José Gregori, e o outro é de 2002, quando o titular era Paulo Sérgio Pinheiro. São textos bastante diferentes, diga-se. Já escrevi a respeito. O de 1996 estabelecia, de fato, um conjunto de diretrizes de respeito aos direitos humanos. O de 2002 já está fortemente vincado por delírios esquerdopatas, mas ainda pode ser abrigado pela democracia. Este, do governo Lula, é coisa de ditadura.


Verissimo sabe que são grandes as diferenças, mas vou fazer de conta que este Dante gordoto e metido a engraçadinho precisa de um Vergílio para chamar de seu, mesmo que esse Vergílio seja eu. São atributos específicos do Plano Lula-Dilma:


1 – possibilidade de censura à imprensa e até de cassação de concessões de rádio e TV;

2 – comitês para acompanhamento editorial dos veículos de comunicação;

3 – não fica claro qual seria a instância a ser tão zelosa com a imprensa. Nas considerações iniciais do documento, ficamos sabendo que os movimentos sociais são a verdadeira representação política que conta, não o Congresso;

4 – eliminação do direito de cautela dos juízes; na prática, seriam impedidos de conceder liminares de reintegração de posse — pouco importando a natureza da invasão de uma propriedade — antes de “negociar” a “ocupação” com os invasores. Vale dizer:

a – ficaria sem efeito o direito de propriedade, garantido pela Constituição;
b – o Judiciário estaria sob intervenção, o que não existe em nenhuma sociedade civilizada do mundo.

NOTA
– Não se trata de “grita de ruralistas” porque o documento faz questão de deixar claro que o procedimento vale para propriedades rurais e urbanas;


Há outras diferenças importantes, de que trato mais adiante. As quatro listadas acima ganham especial relevo porque nelas a tentação totalitária é evidente. Não para Verissimo. A razão é simples: ele concorda com as proposições. Que concorde! Mas não pode mentir e dizer que não há tão grandes diferenças entre os documentos.


E não há discrepância entre suas propostas e o que está em discussão, hoje, no resto do mundo civilizado.


Mentira! Não sei o que ele chama de “mundo civilizado”. Vá alguém sugerir nos EUA que o Estado se meta a dizer o que a imprensa pode ou não pode publicar. Até na Europa bem mais amiga do estatismo, isso seria impossível. A “civilização” de que fala o meu Dante gorducho deve compreender, hoje em dia, Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, Coréia do Norte, China, Irã, Rússia…


Coisas como a descriminalização do aborto e o casamento de gays são debates modernos, mesmo que não impliquem mudanças imediatas.

De tudo o que ele listou até agora, apenas a união civil entre homossexuais — “casamento gay” me parece uma expressão um tanto preconceituosa; sempre me remete a um bigodudo usando vestido de noiva; nem os gays do Big Brother devem querer isso — estava no plano de 2002 (e ausente no de 1996). A descriminação do aborto não consta de nenhum deles. Vá estudar, Dantinho, antes de falar bobagem: no plano 2, fala-se vagamente em ampliar as possibilidades do aborto legal, o que, entendo, num plano de “direitos humanos”, já é uma exorbitância. Mas vá lá… Isso está longe de ser “descriminação” (termo mais apropriado).


Nesse caso, a crítica que se faz é de natureza conceitual: o tema divide de tal sorte a sociedade e mexe com questões éticas tão profundas — INCLUSIVE DOS MÉDICOS —, que se revela absurdo tratá-lo como matéria de “direitos humanos”. Uma sólida tradição humanista, especialmente cristã, entende que o aborto é, ele próprio, uma agressão à vida — e, pois, a um “direito humano”. Há outras instâncias para cuidar do tema. Não se trata de confronto entre modernos e atrasados.


A proibição de símbolos religiosos em repartições públicas é consequência lógica do velho preceito da separação de Igreja e Estado, que não deveria melindrar mais ninguém - pelo menos não neste século.


Eis outra proposta que não está nem no programa 1 nem no 2. A questão já foi tratada aqui de sobejo. O comunistóide Luis Fernando Verissimo, mas com apartamento em Paris, acredita que essa questão é do século passado… Sim ou não crucifixo em repartições não tem importância em si. A questão está em tentar banir um traço da formação cultural do Brasil.


A idéia de novos anteparos jurídicos para mediar os conflitos de terra é de uma alternativa sensata para a violência de lado a lado. E a obrigação de proteger os direitos e a integridade de qualquer um da prepotência do Estado e do excesso policial, alguém é humanamente contra?


Não deve ser porque isso não está em debate. É má-fé argumentativa. Até porque não se trata de “novo anteparo jurídico”, mas de cassação de uma prerrogativa da Justiça. Ele pode alegar ignorância, já que não leu. Mas acho que ele está apenas sendo Verissimo, e isso quer dizer, no caso, falsíssimo.


O novo plano peca pela linguagem confusa e inadequada, em alguns casos.


Não leu, mas consegue analisar a linguagem do documento?


A preocupação com o monopólio da informação de grandes grupos jornalísticos, e com a qualidade da programação disponível, também é comum em todo o mundo. Muitos países têm leis e restrições para enfrentar a questão sem que configurem ameaças à liberdade de opinião e de expressão. E sem sugerir o controle de redações e o poder de censura que o tal plano - em passagens que devem ser imediatamente cortadas, e seus autores postos de castigo - parece sugerir.

Os petistas e as esquerdas estão de olho, vamos ser claros, na Rede Globo, uma das que pagam o salário de Verissimo. Vejam como ele consegue transformar tudo numa operação corriqueira, trivial, “comum em todo o mundo”. Caso se instruísse mais, saberia que há leis também no Brasil — não essas que o plano sugere, próprias de tiranias.


Vejam com que Candura Verissimo dá um puxão de orelha em seus aliados. Seria tudo exagero de linguagem. Mas ele não está muito certo disso, não. Diz que o “tal plano PARECE sugerir” essas coisas. Na dúvida, ele pede que os exageros sejam cortados e que os autores sejam postos de castigo. Suponho que pelo “pai Lula”.


Sobra a questão militar. Em nenhum fragmento do plano que li se fala em anular a anistia.

Eu poderia escrever assim: “Mentiroso!” Mas ele poderia responder: “Eu não disse que não existe; disse apenas que não li”. Então faço de conta que isso é verdade e contribuo para tirá-lo da ignorância com o trecho que trata da revisão da Lei da Anistia. Vejam o que diz a “Diretriz 25”:

Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia.

Objetivo Estratégico I:

Suprimir do ordenamento jurídico brasileiro eventuais normas remanescentes de períodos de exceção que afrontem os compromissos internacionais e os preceitos constitucionais sobre Direitos Humanos.

Ações Programáticas:

a)Criar grupo de trabalho para acompanhar, discutir e articular, com o Congresso Nacional, iniciativas de legislação propondo:

· revogação de leis remanescentes do período 1964-1985 que sejam contrárias à garantia dos Direitos Humanos ou tenham dado sustentação a graves violações;


Entendeu, Verissimo, ou quer que eu desenhe? Ah, você entendeu. É que está se fazendo de galinha morta pra andar de camionete, né? Finge ser leitão pra mamar deitado. Mas eu não deixo. A Lei de Anistia é de 1979, e as esquerdas a acusam de ter beneficiado torturadoras. Assim, pretendem revê-la.


O direito humano que se quer promover é o do Brasil de saber seu passado, é o direito da Nação à memória que hoje lhe é sonegada. Só por uma grande falência da razão, por uma irrecuperável crise semântica, se poderia aceitar verdade como sinônimo de revanche.

Uma ova! Quem diz não ter lido o documento e escreve a respeito não pode falar em crise semântica e falência da razão. Lula que abra os arquivos. E isso, sim, se pode fazer sem revanche. A questão é saber se todos os esquerdistas estão mesmo interessados na verdade.


De todo modo, essa questão em particular já foi vencida. Verissimo entrou no debate mais atrasado que gago rezando o terço, como se diz lá nos pagos…


E concluo

O que dá a Verissimo a liberdade de escrever o que escreve — contra, diga-se, a opinião dos dois grandes jornais que publicam os seus textos — é justamente aquele modelo com o qual seus companheiros de esquerda querem acabar. De certo modo, ele é mais esperto do que nós, mais vivo que cavalo de contrabandista.


O sistema vigente lhe garante a liberdade de expressão até para defender um plano que liquida com a liberdade de expressão — e, todos sabem, considero essa prática liberticida. Ninguém ousaria dizer: “Epa! Texto defendendo essa porcaria, aqui, não!!! Ele prega a nossa extinção.” Se acontecesse, Verissimo é do tipo que sairia gritando: “Fui censurado!” Se eles vencessem, no entanto, a liberdade que exigem seria a primeira vítima — como sempre foi, prova-o a história.


No Globo e no Estadão, Verissimo pode ser “a divergência”. Se o modelo dele triunfar, a divergência será a primeira vítima. Porque, nesse caso, os “oprimidos” já terão chegado lá.

Lula em filme é bom demais para ser verdade, diz 'Economist'

Fonte: ÚLTIMO SEGUNDO
22/01


Uma reportagem publicada nesta quinta-feira na revista britânica "The Economist" afirma que o Lula apresentado no filme Lula, o Filho do Brasil "é bom demais para ser verdade".


  • "Lula - O Filho do Brasil" focaliza infância e juventude
  • Omelete: cinebiografia do presidente tenta de tudo, mas não empolga
  • Ricardo Calil: "Lula, o Filho do Brasil" é um filme de língua presa
  • Pouca gente, pouca emoção em sala de São Paulo
  • Audiência do filme seguiu mapa eleitoral de Lula
  • Sindicalistas vão pagar meia-entrada para assistir o filme


  • O artigo diz que o filme conta a história de um garoto pobre que subiu na vida, "cujas virtudes foram capturadas em close-up, mas cujos defeitos ficaram na mesa de edição".

    "(Lula) é bom demais para ser verdade: estudante perfeito, marido perfeito e um político moderado que repudia a violência”, diz o artigo. "É uma pena. Uma versão com mais nuances não diminuiria a formidável trajetória e as conquistas de Lula".

    O artigo leva o título "Lula, Higienizado", porque, para o autor, o filme amenizou ou apresenta versões completamente diferentes do que teria sido narrado na biografia em que o filme foi baseado.

    "É uma versão adocicada", diz o texto. Como exemplo, o artigo cita um incidente narrado no livro e que teria sido "aprovado por Lula", o episódio em que o diretor de uma fábrica em greve é atirado de uma janela.

    No filme, Lula se distancia da fábrica "chocado", o que seria "vergonhoso", diz o texto.

    A revista também cita as acusações de que o filme seria uma arma política para ajudar na campanha de Dilma Rousseff, candidata apoiada por Lula para as eleições presidenciais deste ano.

    O texto diz que o filme vem atraindo mais público no nordeste do que no sudeste, "refletindo o desempenho de Dilma Rousseff (candidata às eleições presidenciais apoiada por Lula) nas pesquisa de opinião".

    "Beneficiar-se de um pouco do carisma de Lula é a maior esperança para Dilma chegar à presidência em outubro e há sinais de que isso já esteja acontecendo", afirma o artigo.

    Para a revista , o filme é um exemplo de uma nova tendência no mercado do entretenimento. "Houve um tempo em que era considerado indecente transformar pessoas ainda vivas em mitos, ou mesmo em filmes", abre o artigo.

    "Gandhi esperou 34 anos após sua morte antes de aparecer nas telas. George W. Bush, em contraste foi vítima de um filme biográfico de Oliver Stone no último ano de sua presidência".

    ENVENENANDO AS ALMAS DAS CRIANÇAS

    Fonte: ANATOLI POVIST LIET
    SÁBADO, 5 DE DEZEMBRO DE 2009


    Por Miguel Nagib


    Cuidado com este livro!



    No capítulo 3º do livro didático “Português Linguagens - 5º ano”, de autoria de William Roberto Cereja e Thereza Cochar (Editora Atual, pertencente ao grupo Saraiva - clique aqui para ver), os estudantes encontram, logo abaixo do título – “O gosto amargo da desigualdade” –, o seguinte parágrafo:


    Você alguma vez já se sentiu injustiçado? Seu amigo com duas bicicletas, uma delas novinha, e você nem bicicleta tem... Sua amiga com uma coleção inteirinha da Barbie, e você que não ganha um brinquedo novo há muito tempo... Se vai reclamar com a mãe, lá vem ela dizendo: ‘Não reclama de barriga cheia, tem gente pior do que você!’. Será que há justiça no mundo em que vivemos?


    A resposta negativa é apresentada sob a forma de um texto, em estilo pretensamente literário, seguido de uma bateria de perguntas destinadas a atiçar o “pensamento crítico” dos alunos (supondo-se, é claro, que crianças de 10 anos possuam conhecimento e maturidade para pensar criticamente).


    O texto consiste, resumidamente, no seguinte: ao ver o filho entretido com um globo terrestre, o pai lhe confessa a sua “birra contra geografia”, atribuindo a aversão a uma professora que tivera no ginásio. Um dia, conta o pai, a professora Dinah resolveu dar aos alunos uma aula prática sobre a distribuição de renda no Brasil. Dizendo que o conteúdo de uma caixa de doces representava a riqueza do país, a professora começou a distribuir os doces entre os alunos, dando a uns mais que a outros. Os primeiros da lista de chamada ganharam apenas um doce; da letra G até a M, dois doces; de N a T, três; Vanessa e Vítor ganharam seis, e Zilda, finalmente, ganhou a metade da caixa, 24 doces. A satisfação inicial dos primeiros se transformava em revolta à medida que percebiam a melhor sorte dos últimos: “Ninguém na sala conseguia acreditar que a Dinah tava fazendo aquilo com a gente. Até naquele dia, todo mundo era doido com ela, ótima professora, simpática, engraçada, bonita também.” A história termina com o filho, frustrado, entregando ao pai o globo terrestre: “Toma esse negócio. Se a geografia é assim desse jeito que você tá falando, eu não vou querer aprender também não”.


    Seguem os questionamentos:


    – A distribuição dos doces promovida pela professora serviu para ilustrar como é feita a distribuição de riquezas no Brasil. Associe os elementos da aula ao que eles correspondem no país:


    • [os doces] • os patrões, os empresários, o governo, etc.
    • os alunos • o povo
    • a professora • a riqueza


    – Dos alunos da sala, quem você acha que reclamou mais? E quem você acha que não reclamou? Por quê?


    – Na opinião da maioria dos alunos, como a professora deveria ter distribuído os doces?


    – A distribuição de doces feita pela professora ilustra a situação de distribuição de renda entre os brasileiros. De acordo com o exemplo:


    a) Quem fica com a metade da riqueza produzida no país?

    b) Para quem fica a outra metade?


    c) Na sua opinião, a minoria privilegiada reclama
    da situação?


    d) E os outros, deveriam reclamar? Por quê?


    – Dona Dinah, pela aula prática que deu, talvez não tenha agradado a todos os alunos. No entanto, você acha que eles aprenderam o que é distribuição de renda?


    – No final do texto, Mateus diz ao pai: “Toma esse negócio!”. E começa a dormir sem o globo terrestre.


    a) O que você acha que o menino está sentindo pelo globo nesse momento?


    b) Na sua opinião, é pela geografia que ele deveria ter esse sentimento?


    – Segundo o narrador, a turma tinha entre onze e doze anos e não estava interessada no assunto distribuição de renda. Na sua opinião, existe uma idade certa para uma pessoa começar a conhecer os problemas do país? Se sim, qual? Por quê?


    – Os alunos que ganharam menos doces sentiram-se revoltados com a divisão feita pela professora.


    a) Na vida real, como você acha que se sentem as pessoas que têm uma renda muito baixa? Por quê?


    b) Que consequências a baixa renda traz para a vida das pessoas? Dê exemplos.


    c) Na sua opinião, as pessoas são culpadas por terem uma renda baixa?


    – Muitas pessoas acham que uma das causas da violência social (roubos, furtos e sequestros, por exemplo) é a má distribuição de renda. O que você acha disso? Você concorda com essa opinião.


    Vejam vocês a que nível chegou a educação no Brasil.


    Decididos a “despertar a consciência crítica” dos seus pequenos leitores – missão suprema de todo professor/escritor amestrado na bigorna freireana (ademais, se o livro não for “crítico”, a editora não quer, porque o MEC não aprova, os professores não adotam e o governo não compra) –, mas cientes, ao mesmo tempo, da incapacidade das crianças para compreender minimamente, em termos científicos, o tema da desigualdade social, Cerejão e Therezinha (permitam-me a liberdade eufônica) optaram por uma abordagem emocional do problema. Afinal, devem ter ponderado, embora os alunos não tenham idade para entender o que é e o que produz a desigualdade na distribuição das riquezas, nada os impede de odiar desde logo essa coisa, o que quer que ela seja.


    A dupla de escritores assumiu, desse modo, o seguinte desafio (como eles gostam de dizer) “político-pedagógico”: criar uma empatia entre os alunos e as “vítimas da injustiça social”; induzi-los a acreditar que toda desigualdade é injusta, de sorte que para acabar com a injustiça é preciso acabar com a desigualdade; e predispô-los, enfim, a aceitar ou apoiar a bandeira do igualitarismo socialista.


    Como na cabeça de Cerejão e Therezinha vida de pobre consiste em sentir inveja de rico, era necessário lembrar às crianças como é triste não ter uma bicicleta, quando o amigo tem duas, ou não ter uma boneca, quando a amiga tem várias. Mas, em vez de chamar essa tristeza pelo nome que ela tem desde os tempos de Caim, o livro a ela se refere como “sentimento de injustiça”.


    Assim, além de transmitir às crianças uma visão ideologicamente distorcida – e portanto falsa – dos mecanismos de produção e distribuição da riqueza na sociedade e da realidade vivida por uma pessoa pobre, a dupla Cerejão e Therezinha as ensina a mentir para si mesmas, a fingir que sentem o que não sentem e a berrar “injustiça!” ao menor sintoma de inveja – própria ou de terceiro (essa última presumida) – provocada por alguma desigualdade.


    Como se vê, isto não é uma aula, é uma iniciação nos mistérios do esquerdismo militante!


    Ou seja, no Brasil de hoje, os autores de livros didáticos já não se contentam em fazer a cabeça dos estudantes; eles querem danar as suas almas.


    Trata-se, em essência, de uma paródia satânica da parábola dos trabalhadores da vinha, onde Cristo nos ensina, entre tantas outras coisas, que não existe correlação necessária entre desigualdade e injustiça e que é Ele próprio – o justo por excelência – a maior, senão a única, fonte de desigualdades do universo. “Amigo, não fui injusto contigo. Não combinaste um denário? Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este último o mesmo que a ti. Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o que é meu?”


    Que a palavra “satânica” – o esclarecimento é do filósofo Olavo de Carvalho – “não se compreenda como insulto ou força de expressão. É termo técnico, para designar precisamente o de que se trata. Qualquer estudioso de místicas e religiões comparadas sabe que as práticas de dessensibilização moral são o componente mais típico das chamadas ‘iniciações satânicas’. Enquanto o noviço cristão ou budista aprende a arcar primeiro com o peso do próprio mal, depois com o dos pecados alheios e por fim com o mal do mundo, o asceta satânico tanto mais se exalta no orgulho de uma sobre-humanidade ilusória quanto mais se torna incapaz de sentir o mal que faz”.


    Vem daí o sentimento de superioridade moral da militância esquerdista que há mais de trinta anos deposita seus ovos nas cabeças dos estudantes brasileiros, parasitando, como solitárias ideológicas, o nosso sistema de ensino.


    Chamo a atenção para a malícia empregada na montagem do experimento (pouco importa se fictício ou real): se a professora houvesse distribuído os doces em conformidade com o desempenho alcançado pelos alunos, eles entenderiam perfeitamente a razão da desigualdade. Dificilmente algum deles se revoltaria. Mas, se isto fosse feito, o tiro sairia pela culatra, pois as crianças também aceitariam com absoluta naturalidade o fato de na sociedade uns ganharem mais e outros menos. Para isso não acontecer, a distribuição tinha de ser gratuita. Só assim o sentimento de inveja (que se pretendia instrumentalizar) não seria contido pela percepção intuitiva de que, por justiça mesmo, uns de fato merecem receber mais e outros menos.


    A coisa toda é tão pérfida e tão covarde que somos levados a pensar – sobretudo à vista das perguntas, que parecem haver sido formuladas por pessoas com o mesmo nível de conhecimento e maturidade do público a que são dirigidas – que os autores não têm capacidade para perceber a gravidade do delito que estão cometendo contra crianças totalmente indefesas. Sem descartar essa possibilidade – o que faço em benefício dos próprios autores –, há razões de sobra para atribuir esse crime a uma causa mais profunda e mais geral.


    “Hoje em dia – escreve Eduardo Chaves, Professor Titular de Filosofia da Educação da Universidade Estadual de Campinas (
    http://chaves.com.br/TEXTSELF/PHILOS/Inveja-new.htm) –,


    “o sentimento pelo qual a inveja pretende passar, a maior parte do tempo, é o de justiça – não a justiça no sentido clássico, que significa dar a cada um o que lhe é devido, mas a justiça em um sentido novo e deturpado, qualificado de ‘social’, que significa dar a cada um parcela igual da produção de todos – ou seja, igualitarismo. (...)


    Um postulado fundamental da ‘justiça social’ é que uma sociedade é tanto mais justa quanto mais igualitária (não só em termos de oportunidades, mas também em termos materiais, ou de fato). ‘Justiça social’ é, portanto, o conceito político chave para o invejoso, pois lhe permite mascarar de justiça (algo nobre, ao qual ninguém se opõe) seu desejo de que os outros percam aquilo que têm e que ele deseja para si, mas não tem competência ou élan para obter. (...)


    A luta pelo igualitarismo se tornou verdadeira cruzada a se alimentar do sentimento de inveja. Várias ideologias procuram lhe dar suporte. A marxista é, hoje, a principal delas. A desigualdade é apontada como arbitrária e mesmo ilegal, como decorrente de exploração de muitos por poucos. Assim, o que é apenas desigualdade passa a ser visto como iniqüidade. (...)


    O igualitarismo tornou-se o ópio dos invejosos.”


    O que vemos nesse livro de Português – incluído pelos especialistas do MEC no Guia do Livro Didático de 2008 – é a preparação do terreno; é a fumigação que pretende exterminar ou debilitar as defesas morais instintivas das crianças contra o ataque da militância socialista que as aguarda nas séries subsequentes.


    Mas, por favor, que ninguém desconfie da bondade desses educadores. Afinal, eles não querem nada para si; são apenas “trabalhadores do ensino” (como eles também gostam de dizer), tentando contribuir para a construção de uma sociedade mais justa. Vejam a Dinah: “ótima professora, simpática, engraçada, bonita também”. Ora, quem somos nós para discordar?


    Assim postas as coisas, só nos resta pedir a Deus que proteja as crianças brasileiras da bondade militante dos seus professores.

    A ESQUERDA EM ARMAS

    Fonte: PERCIVAL PUGGINA
    16/01/2010


    ZERO HORA, 17 de janeiro de 2010.


    As milionárias indenizações que concede transformaram os pesados “Anos de Chumbo” em festejados Anos de Ouro


    O que está se tornando senso comum sobre o período da nossa história que vai de 1964 a 1985 tem a profundidade de um pires. É sobre esse recipiente que alguns buscam, agora, instituir a tal Comissão Nacional da Verdade. Cuidado, porém: a principal realização de sua antecessora, a ainda hoje fervilhante Comissão de Anistia, concretizou o sonho dos alquimistas. As milionárias indenizações que concede transformaram os pesados “Anos de Chumbo” em festejados Anos de Ouro.

    Não creia que toda objeção à tal Comissão da Verdade seja uma defesa da amnésia. Não há o menor perigo de que isso ocorra. A esquerda ocupou todo o material didático nacional, produziu dezenas de filmes e livros, instruiu e doutrinou quase todos os professores e jornalistas com a sua “verdade” (Cavaleiro do Templo: completamente desmentida enquanto o supremo horror por eles mesmos aqui). Assim, tudo quanto se lê e se ouve a respeito ensina que as elites nacionais, belo dia, por pura perversidade, resolveram incumbir as Forças Armadas de perseguir, prender e martirizar os intrépidos defensores da democracia e dos oprimidos. Patacoada! Aqueles anos loucos não podem ser compreendidos se desconsiderarmos a Guerra Fria e o movimento comunista, que, digamos assim, se espraiava usando a luta armada para instituir “ditaduras do proletariado”. Foi um jogo mundial, de vida ou morte, entre democracia e totalitarismo, cujas cartas já estavam na mesa quando Stalin, em Yalta, sentou-se ao lado de Churchill e Roosevelt compondo o trio vitorioso na guerra (1945).

    Nas duas décadas seguintes, o comunismo fez dezenas de milhões de vítimas. Houve a vitória de Mao na China (1949), o ataque comunista à Coreia do Sul (1950), a sangrenta transformação de diversos países europeus em “repúblicas populares”, a invasão do Tibete (1950), a divisão do Vietnã (1954), o Pacto de Varsóvia (1954), a vitória de Fidel (1959), a construção do muro em Berlim (1961), a Guerra do Vietnã (1961), o envio de mísseis soviéticos para Cuba (1962), o fracasso da resistência húngara e da Primavera de Praga (1956 e 1968) e a revolta dos universitários franceses (1968). Chega? Não. Tem muito mais. Embora me falte espaço, ainda é imprescindível referir a exportação de guerrilhas e revoluções comunistas para dezenas de nações recém-nascidas no continente africano. E, é claro, a infiltração no nosso subcontinente, sob o patrocínio de Cuba, Rússia e China.

    A esquerda em armas jamais instituiu uma democracia! Nunca, em lugar algum. No Brasil, ela ridicularizava os que persistiram no jogo político. Mas foi através dele que a maioria da opinião pública mudou de lado, retirou apoio ao status quo, chegou-se à anistia e se restabeleceu o regime constitucional. Anote aí: a esquerda em armas não puxou seus gatilhos pela democracia e pela Constituição! E ninguém sacou um bodoque para restaurar o governo de Jango. As coisas não foram como lhe contam, leitor.

    Reprovar um lado não significa aprovar tudo que foi feito pelo outro. O contexto não justifica as duas décadas inteiras de exceção, nem o emprego da tortura. Mas anistia é perdão e pacificação. Lutando por algo muito pior do que o regime que dizia combater, a esquerda em armas praticou incontáveis assaltos e sequestros, executou mais de uma centena de militares e civis, e “justiçou” adversários e companheiros. Tivesse vencido, ia faltar prisão e paredón no país. Perdeu. Empenhou-se pela anistia e a obteve. Foi perdoada. Mas parece não saber perdoar. Quer restaurar ódios na ausência dos quais a política lhe fica incompreensível.

    Esqueçam Lula! O adversário é o PT

    Fonte: OBSERVATÓRIO DE PIRATININGA
    QUINTA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2010


    TIBIRIÇÁ RAMAGLIO


    Os petistas são obsessivos. Sua ideia fixa é a manutenção do poder, por meio da eleição de Dilma Rousseff. Essa obsessão os cega e fatalmente os fará cometer inúmeros erros daqui para frente, o que, se não levá-los a derrota por conta própria, pelo menos pode contribuir com a campanha da oposição. Referindo-se à reação do PSDB às provocações de Dilma, Ricardo Berzoini postou em seu twitter ontem o seguinte comentário: “PT manda a fatura e PSDB passa recibo”. Ora, comentar publicamente a estratégia de que se utiliza, ainda que para provocar o adversário, é deixar um flanco aberto. Quantos flancos o PT precisará abrir até o PSDB deixar de passar recibos?

    No Chile, a Concertación fez questão de usar o fantasma de Pinochet como cabo eleitoral de Frei. Seu discurso de campanha voltava-se para o passado. O de Sebastián Piñera olhava para a frente. Parafraseando Joãosinho Trinta, quem gosta de História é intelectual. Além do mais, o PT é tão previsível e sua retórica anda tão esvaziada que a refutação de seus argumentos, em muitos casos, se tornou desnecessária. O argumento da ética na política, por exemplo, já não pode ser usado. Até os jegues do sertão nordestino já não têm dúvidas de que o PT é farinha do mesmo saco e rouba tanto quanto qualquer outro partido político brasileiro. Suponho que os bichinhos nem chegam a identificar nisso um problema, porque seu interesse é o de que roubem, mas façam.

    Enfim, o bom-mocismo dos candidatos petistas também não cola mais, em particular numa candidata como Dilma Rousseff, cujo passado condena e cujo autoritarismo e arrogância são evidentes a mais não poder. Não é possível que a antipatia da figura e sua vinculação com o radicalismo esquerdista não possam ser empregados para golpeá-la no fígado. Aliás, a retórica revolucionária, cujo avatar da vez são os direitos humanos, destinado principalmente aos jovens e à classe média “esclarecida”, é uma faca de dois gumes. O PT não pode negá-la, mas, a maioria do eleitorado, ela certamente assusta mais do que seduz. Será que ninguém vai explorar eleitoralmente o radicalismo do Programa Nacional dos Direitos Humanos e mostrar o risco que o Brasil corre de se transformar numa nova Venezuela caso Dilma seja eleita? Não será possível explorar os sentimentos aversivos que a figura de Chavez desperta em grande parte dos brasileiros e colar a imagem do Mussolini de Caracas na de Dilma? Não seria interessante divulgar junto ao grande público a linguagem e os projetos revolucionários que o Partido ostenta em seus meios de comunicação?

    Sinceramente, acho que a própria figura de Lula talvez seja uma faca de dois gumes, o que só não vê quem é covarde. Sua propalada popularidade junto a 80% do eleitorado não é propriamente sua, pois se deve exclusivamente à bonança na economia, que não foi ele quem promoveu. Lula não desperta paixões, não é uma personagem como foi Getúlio Vargas que despertava o afeto incondicional dos eleitores e que fez do PTB uma espécie de Flamengo dos partidos políticos. Creio que a simpatia a Lula é muito circunscrita e que, por isso mesmo, ele não tem conseguido transferir até o momento o seu prestígio para sua candidata. Certamente, o melhor para a oposição na campanha é colocar a figura de Lula de lado – afinal, ele é passado –, para bater forte no PT e no seu projeto revolucionário, que tem inequivocamente em Dilma Rousseff um de seus mentores. Aliás, o próprio fato de o PT acalentar ambiguamente esse projeto, ora negando-o, ora fazendo avançá-lo de maneira traiçoeira, é uma bruta vulnerabilidade.

    M@M entrevista Daniel Moreno, diretor do documentário "Reparação"

    Fonte: MÍDIA A MAIS
    por Redação Mídia@Mais em 19 de dezembro de 2009


    Orlando Lovecchio, umas das vítimas do terrorismo de esquerda

    U
    m filme feito com dinheiro do próprio bolso, analisando de forma diferente e franca as reparações aos terroristas de esquerda e o abandono a que foram relegadas suas vítimas.


    "Reparação" busca resgatar alguns fatos de um período conturbado da história brasileira, que há anos é manipulado com o objetivo de atender aos interesses de um dos lados envolvidos e que inegavelmente conta com a colaboração dos inúmeros simpatizantes ideológicos da agenda esquerdista que atuam no mundo cultural brasileiro.


    Fugindo ao lugar comum e buscando demonstrar apenas os fatos, segue abaixo uma entrevista com o idealizador e diretor do filme, Daniel Moreno. Cineasta formado pela USP, ele dá detalhes sobre seu trabalho, cuja estréia nos cinemas está prevista para 2010.


    O trailer do filme pode ser assistido aqui.


    ***


    MÍDIA@MAIS- O que levou você a realizar o longa metragem?
    Daniel Moreno: Queria fazer um filme a partir da história do Orlando (Orlando Lovecchio, vítima de um atentado a bomba contra o consulado dos EUA em São Paulo) e do episódio que mudou sua vida desde o momento em que li pela primeira vez a respeito. Mas, como se sabe, fazer cinema é muito caro e o projeto demorou a poder ser viabilizado. Depois, achei que seria importante discutir também a motivação das reparações econômicas e a relação muito contraditória entre alguns perseguidos políticos brasileiros e a ditadura comunista em Cuba, que conta com ampla simpatia por aqui.

    M@M - Que tipo de apoio você teve para desenvolver o trabalho?

    Daniel Moreno - Desde o início decidimos que este filme não poderia ter qualquer tipo de subsídio público ou coisa parecida para ser realizado. Teria de ser independente do começo ao fim, e sua produção só foi possível porque tínhamos uma pequena equipe muito unida, que acreditou na produção do jeito que ela teria de ser. Para fazer um filme, as pessoas são ainda mais importantes que o dinheiro. Mas durante as filmagens, não sentimos muito apoio ou incentivo de parte alguma: são raras as pessoas que, conhecendo a época e a discussão envolvidas, têm lá grande interesse em repensar o tema ou se libertar da visão tradicional, maniqueísta, onde há "vilões militares" de um lado e "mocinhos heróicos da guerrilha" do outro.

    M@M - Qual foi a reciptividade das pessoas que foram atingidas pelo terrorismo em falar sobre o que lhes aconteceu?
    Daniel Moreno - É muito difícil encontrar pessoas que viveram esse período e que ainda estejam de alguma forma envolvidas com o tema a ponto de terem interesse em falar publicamente, excetuando-se os depoimentos habituais. Sei que agora, depois de o filme ficar pronto, surgirão dezenas de questionamentos: "Por que não falaram com tal sujeito?", "Por que não contaram sobre aquele episódio?". Mas enquanto fazíamos o filme, tivemos de contar apenas com nossa própria convicção em abordar o assunto.

    M@M - Pelo que você percebeu ao longo do trabalho de filmagem, é possível afirmar que a esquerda tem um pensamento homogêneo sobre o tema das indenizações?

    Daniel Moreno - Não, há muita polêmica em relação ao tema, inclusive entre os próprios esquerdistas e simpatizantes. Especialmente quanto ao mecanismo criado para determinar as indenizações em dinheiro, é difícil achar alguém que ache a solução mais certa ou conveniente da forma como está funcionando. Mas há uma parcela da esquerda, bem conhecida e facilmente identificável, com quem não se pode debater de maneira alguma. São os que confundem habitualmente "democracia" com "consenso", e espumam de ódio sempre que sua própria opinião não ecoa pela sala. São pessoas perigosas, inimigas da liberdade, como se vê em plena atuação na Venezuela, na Bolívia, no Equador, por exemplo.

    M@M - É possível imaginar que a Lei de Anistia poderá sofrer mudanças, beneficiando apenas a esquerda, como querem muitos radicais?

    Daniel Moreno - Não acredito em grandes mudanças, especialmente em relação à polêmica do direito adquirido. Cada vez mais, o Brasil se torna refém de políticas inadequadas, que criam ilhas de privilégio sustentado pelo dinheiro do contribuinte brasileiro, e é muito complicado se reverter esse tipo de coisa quando não há uma mobilização geral da sociedade em torno de conceitos de "certo" e "errado" que parecem um pouco fora de moda hoje em dia. Mas pessoalmente espero que o Estado brasileiro, que erra até quando age em boa causa, corrija as distorções para que vítimas de atentados ou ações da guerrilha de esquerda sejam indenizadas da mesma forma que as vítimas do regime militar. E que os brasileiros aprendam que a maior lição dessa época é que nenhuma ideologia, seja ela de direita ou de esquerda, pode se sobrepor ao exercício dos direitos naturais de todo ser humano: de expressão, de ir e vir, de pensamento, de propriedade, etc.

    M@M- Por que você acha que encontrou dificuldades para colher opiniões de pessoas que de alguma forma se opunham ao terrorismo ou foram vítimas dele, enquanto que pessoas ligadas a esquerda aceitaram participar do documentário?
    Daniel Moreno - Há um embate injusto aí: enquanto boa parte dos militantes de esquerda da época formou-se na escola do debate, em sindicatos, partidos e universidades, as vítimas do terrorismo eram pessoas "comuns" (e não há qualquer sentido pejorativo nisso), sem o costume de lutar por seus direitos publicamente e com uma capacidade de mobilização praticamente inexistente. Essa contraposição foi de alguma forma relevante na hora de se determinar como seriam as reparações em relação aos conflitos da época: saíram beneficiados apenas os perseguidos ligados à elite sindical, à elite universitária de esquerda e as celebridades habituais. O brasileiro comum só tem relevância na hora de descontar o imposto de renda na fonte.

    M@M - Você acha que filme pode de alguma forma ajudar uma nova análise de uma época cujo imaginário inegavelmente encontra-se dominado pelos paradigmas esquerdistas?
    Daniel Moreno - Acredito que qualquer filme que não diga as mesmas coisas que já foram ditas por uma centena de filmes anteriormente é interessante. Ainda que as pessoas não concordem com o que se diz ou se mostra na tela, isso promove uma nova discussão, e toda discussão livre é boa para o país. Mas eu acho que a real importância dos filmes, hoje, está em qual medida eles podem ser considerados independentes ou não. Eu não vejo como filmes realizados unicamente com dinheiro público (e não digo isso em relação a um único título em particular, mas a todo um modo de pensamento de produção), e dinheiro de estatais administradas por fundos de pensão ligados a partidos políticos, possam ser considerados "independentes".

    M@M - Por favor, sinta-se a vontade para outras considerações sobre o assunto

    Daniel Moreno - Gostaria de lembrar as pessoas de que este filme, assim como qualquer outro, é apenas um filme. Um filme dura uma hora e meia, e quanto tempo você demoraria para ler um livro de 300 páginas? Um dia, talvez? Ou seja: um filme é apenas um lembrete, um estímulo para o pensamento e a discussão. Nenhum filme poderia suportar, em uma hora e meia, 40 anos de polêmicas ou ódios contidos. "Reparação" é apenas um filme, e espero que se façam outros sobre o tema, abordando tudo que não foi possível se abordar neste.

    M@M - Obrigado pela gentileza da entrevista ao MÍDIA@MAIS

    ***


    (Entrevista realizada por Paulo Zamboni com a colaboração de Roberto Ferraracio).

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    A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
    "Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
    Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
    Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
    A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
    ‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
    " Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".